O texto traz uma narrativa descritiva sobre o mundo antigo e da ação do homem selvagem em seu ambiente, demonstrando um salto evolutivo na percepção humana. Essa nova percepção leva os ancestrais humanos a descobrirem a possibilidade de interferirem e dominarem sua realidade e saírem de uma condição selvagem e passiva para outra, onde serão os atores protagonistas de uma nova história.
A partir dessa nova percepção, o homem primitivo desenvolve diversos instrumentos que possibilitam a organização dessa sociedade e do trabalho, passando a conhecer melhor a terra e dela com isso produzirem alimentos. Deixa de ser um coletor e passa a trabalhar a terra produzindo alimento suficiente, domesticando animais para consumos diversos tais como alimentos, vestuário e transporte.
O progresso se dá lentamente, numa sucessão de avanços, e a relação com o ambiente também vai se modificando. As primeiras ferramentas de pedra lascada ganham aos poucos novas formas, mais adequadas ao uso humano. Surge a pedra polida, um instrumento que facilita a caça e o labor com a terra, resultantando num aproveitamento melhor de ambas.
A geografia do mundo antigo vai direcionando os humanos e sua forma de viver, a partir das mudanças climáticas e outras condições sobre as quais esse homem vive, e descobre aos poucos, como agir e reagir diante delas. Algumas sociedades não vão além do cultivo de alguns alimentos, mas o homem neolítico que vive no mediterrâneo e na Ásia menor, dos qual descendemos, domestica os animais comestíveis que se aproximavam do oásis em busca de alimentos. Nessa região, crescia espontaneamente diversas plantas, inclusive as precursoras do trigo e da cevada. São descobertas novas substâncias, que antes não havia na natureza, como a manipulação da argila transformada em cerâmica e a fermentação de alimentos. Aprendem a trançar folhas e palha na confecção de cestas e também a tecer fibras para o vestuário.
As descobertas arqueológicas variam de região para região, demonstrando certa heterogeneidade entre as culturas existentes numa mesma época, o que significa que muitas delas não desapareceram e sim se transformaram e se fundiram, assimilando e dominando novas técnicas. Esta assimilação permite o aumento de viveres, a agricultura de irrigação, a construção de abrigos e diversos detalhes que caracteriza uma economia mista nas regiões de clima mais satisfatório. Outras aldeias, em regiões menos propícias, não se ajustam a esse molde estabelecido e por isso, não avançaram tanto.
É certo que as aldeias eram auto-suficientes, pois fabricavam o que precisavam; os homens se encarregavam de limpar a terra para o plantio, construíam casas de palha, tratavam do gado, caçavam e perseguiam animais, o que os levava cada vez mais longe, o que expande seu domínio territorial bem como a produção de armas e ferramentas para as diversas necessidades. As mulheres aravam a terra, processavam alimentos, fabricavam potes para armazenamento, ornamentos e objetos mágicos.
Desse modo, as sociedades bárbaras organizam sua economia de exploração, divisão do trabalho entre homens e mulheres e desenvolvimento das diversas ciências e culturas neolíticas. A religião neolítica surge como apoio ideológico, como pode ser observado nos diversos fragmentos e amuletos encontrados que justificam esta afirmação. A maior parte destas sociedades enterrava seus mortos de maneira que indicam a crença na possibilidade de interferência do mesmo nas colheitas. A morte significava voltar ao ventre da Grande Mãe, e para esta eram confeccionadas imagens femininas talhadas em cerâmicas e ossos. Acreditavam que a Grande Deusa, um espírito feminino que significava a própria Terra, pudesse ser dominada através de ritos imitativos específicos, orações, sacrifícios. Dessa relação com o divino podemos presumir as relações de parentesco que permitiram as sociedades bárbaras a sobreviverem à revolução neolítica.
A sociedade neolítica obteve assim, maior controle de suas provisões e poder de planificar as eventualidades, porém sua auto-suficiência não impedia que eventos fora do controle, tais como tempestades, pragas e outros contratempos que ocorriam, causassem a fome e destruição das aldeias isoladas. Uma revolução urbana oferecerá uma solução a essa contradição aparente, levando a sociedade bárbara e desenvolver maior intercâmbio com outras aldeias e regiões.
Bibliografia:
CHILDE, V. Gordon; O que Aconteceu na História; Cap. 3 – A Barbárie Neolítica - 4ª Ed. Zahar Editores, RJ, 1977.
Mirna Galesco Dias – Disciplina: História da Antiguidade Oriental - Profº Fábio Augusto Morales
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