quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Relatório - Possibilidades e dimensões dos estudos de historiografia

Relatório Palestra Historiografia

Tema discutido: Historiografia
Possibilidades e dimensões dos estudos de historiografia
Texto: Godoy, João Miguel Teixeira de

No dia 03 de setembro de 2010 como parte da aula de Historiografia Contemporânea, ministrada pela Profª Ana Rosa C. da Silva, o Prof° João Miguel apresentou em sala de aula, uma palestra sobre esta disciplina, fornecendo assim, importantes informações e explicações, visando ensinar e esclarecer diversas dúvidas sobre o assunto a nós, alunos do primeiro ano noturno de História na PUC Campinas.
Abaixo relatamos alguns tópicos de abrangência da palestra, buscando sintetizar, observar e apreender o máximo de diretrizes possíveis para que entendamos as principais especificidades da disciplina.
•    A Historiografia como disciplina
O principal objetivo desta disciplina é guiar os passos daqueles que pretendem se tornar verdadeiros Historiadores, pois nesta área a História propriamente dita, é tratada como ciência, visando acessar e conceituar, através da reconstituição histórica do passado, possíveis dados, a fim de se responder perguntas atuais que surgem com a passagem do tempo.
Só através da observação e correta aplicação de um método, acessaremos parte do passado e alcançaremos os fragmentos de maneira coerente e poderemos assim, dar continuidade à produção do conhecimento, e ao mesmo tempo em que acessamos este passado, produzimos no presente as possíveis respostas aos futuros historiadores.
A palestra do Prof° João Miguel esclareceu diversos pontos, ainda obscuros para a classe, mas principalmente nos mostrou a importância do conhecimento historiográfico cientifico, o quanto está diretamente ligado aos outras disciplinas que estamos estudando, e como através de um estudo mais profundo, darás as bases que precisamos cultivar para encontrarmos o verdadeiro espírito histórico.
•    Principais pontos que foram abordados

Foram abordados pelo palestrante pontos interessantes e esclarecedores, fazendo com que a classe refletisse a respeito do ofício do historiador e as obras de seus pares:
a)    - Utilização das obras para fazer história da história, distinguindo e criticando as obras estudadas, pesquisando-as, fazendo ciência da história.
b)    - A discussão sobre a gênese da história, tratada por franceses e alemães, sendo um estudo historiográfico.
c)    - A emergência dos estudos de historiografia no curriculum dos cursos de história e os sintomas de uma crise de identidade dos historiadores causada pela crise das ciências humanas.


•    A tradição historiográfica romana
Com a preocupação em registrar eventos religiosos, a historiografia romana surgiu tardiamente, mas a historia de gênero demonstrativo, propriamente dita, inicia-se no século II com Tácito em os Annales, tratando de registrar a vida política. A leitura desses Annales era feita em publico, pelo chefe sacerdotal do colégio dos pontífices (presságios, secas, catástrofes naturais) e, depois, também escritos pelos servidores, com um caráter mais cívico, sob a ótica de acontecimentos políticos, e ficavam sob a guarda do pontífice. Produziram-se, então nessa época, registros primeiramente religiosos, depois judiciários, onde simplesmente se registravam acontecimentos (narrativa seca), sem preocupação com a dinâmica interna destes, nem com a análise, demonstração ou um olhar critico acerca de tais eventos.
Esse gênero demonstrativo, segundo Tácito, requer duas condições básicas para ser produzido, tempo e ócio, afim de que haja uma reflexão mais profunda acerca das conjunturas, para assim se tornar um gênero historiográfico.
Cícero, um dos escritores de Roma mais completos para sua época, é visto hoje como um humanista, dedicando-se a trabalhos filosóficos e políticos, e sua retórica teve como principal preocupação a busca da ética e da moralidade na história dos homens. A “História como mestra da vida” era uma exortação a moral, o verdadeiro sentido que havia por traz das ações humanas e o quanto isso interferia em suas administrações e no desenrolar de suas histórias.
Destacou também a importância da oratória articulada à retórica, que deveria também estar associada à erudição e ao conhecimento que se obtém através da educação Essa atitude apresenta o historiador como um juiz; julga, absolve ou condena os acontecimentos, decidindo assim quais são os recortes, os acontecimentos que devem ser selecionados ou descartados definindo assim sob qual a visão correta ao se estudar o passado. Sabemos que se trata apenas das escolhas necessárias para se dirigir um estudo, que jamais será completo em si mesmo, mas articulado ao outras visões, pode proporcionar um panorama, senão completo, pelo menos diversificado da verdade que se busca.
Tito Lívio estabeleceu-se em Roma no ano 30 Ac, sendo de origem humilde teve a filosofia como base de sua educação, alcançou grande prestigio político, mas preferiu o ambiente literário, e isso proporcionou a expressão de idéias próprias. De acordo com o Prof º João Miguel, esse historiador se preocupou em conhecer a origem de Roma, compartilhando da visão de Tácito em vários pontos, mas já demonstrando uma postura mais crítica à produção documental, um maior compromisso com a verdade, observando a trajetória de seus contemporâneos, suas atitudes e conduta morais, para que servissem como exemplos de erros e acertos causados por tais atitudes, como por exemplo, a decadência moral da sociedade da época.
Conclui também esse historiador (Tácito), que quanto maior o império, maior a propensão a corrupção. Cabe aos atuais historiadores experimentar tais acontecimentos através de fontes, e através de uma profunda reflexão e análise perceber como os fenômenos surgem na história humana numa perspectiva linear ou cíclica e quais desses fenômenos merecem uma atenção especial, por sua validade no tempo presente.
Ao que vale a pena voltar os olhos? Sabemos que desde Roma as visões acerca do que realmente é importante para o meio sócia, sofreram diversas alterações e tem se desdobrado com a passagem do tempo.

•    Conclusão

A palestra ministrada aos alunos foi de grande ajuda na compreensão do tema, e foi avaliada em nosso grupo como totalmente adequada para esclarecer, senão todas, mas algumas questões importantes que surgiram no inicio de tais estudos. A própria abordagem utilizada para produzir o conhecimento de hoje, tem suas raízes na historiografia e demonstrando tais articulações, o palestrante nos forneceu alguns possíveis caminhos para, primeiro avaliar e compreender, para desse modo tentar contar de maneira explicativa, assentada na lógica, os fenômenos produzidos pela sociedade humana, principal objeto do historiador.
•    Bibliografia
Possibilidades e dimensões dos estudos de historiografia: GODOY, João Miguel Teixeira de .

•    Palestrante : João Miguel Teixeira de Godoy
É Bacharel e Licenciado em História pela Universidade de São Paulo (1987) e Doutor em História Econômica pela Universidade de São Paulo (1996). Atualmente é professor titular e pesquisador da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas). Tem experiência na área de História, com ênfase em História Econômica, historiografia e História Regional, atuando principalmente nos seguintes temas: história de campinas, história regional, historiografia brasileira, memória e industrialização.

Mirna Galesco Dias -  Relatório Palestra Historiografia, aula da Profª Ana Rosa Cloclet - Curso História - Puc Campinas, 2010.

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